sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Baú de memórias - Razões para agradecer

Esse é o primeiro post da série "Baú de memórias", onde vou resgatar alguns textos de escrita terapeutica que me sinto à vontade para compartilhar! 

Publicação de 05/12/2017 - Há 6 anos atrás, eu pensava que...

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Ás vezes o pessimismo se torna um vício. A auto crítica, sempre acompanhada da insegurança e de pensamentos negativos, enraizados em nossas mentes, criados por mecanismos de identificação com situações passadas... Com coisas que colocaram em nossas cabeças e nos fizeram acreditar e tomar por verdade absoluta. Talvez nos fizeram crer que éramos menos do que realmente poderíamos ser, ou que não merecíamos algo de especial na vida, ou talvez que jamais poderíamos ser aquele alguém que desejávamos (se é que realmente já não éramos). Nosso eu encoberto por uma caricatura de nós mesmos, desenhada por mãos manipuladoras, talvez invejosas, intransigentes... mas certamente, venenosas. Tóxicas. Tão tóxicas que mesmo quando elas vão embora da sua vida, deixam uma bagunça atrás de si, dentro da sua cabeça.

I'm back from the dead


 Ai, ai, ai... esse talento para escrita não me deixa em paz mesmo. Sempre tive alguns problemas com a minha auto estima. Conforme o tempo passa, conforme eu fico mais velha e mais madura, consigo enxergar isso. Consigo enxergar a mim mesma como um adulto observando os comportamentos de uma criança. Às vezes rindo enquanto observa, às vezes se preocupando. No caso do que me levou à escrever esse post e ressucitar esse blog, foi meu talento para escrita. Calma, não estou dizendo que sou uma Clarice Lispector da minha geração, mas, olhando em volta para a grande massa que não parece ter ou demonstrar talento nenhum para nada além de falar muita baboseira na internet ou gravar dancinha para derreter neurônios, poxa, eu tô bem de talento real viu!

Pois bem, o que a Thamy adulta observou da Thamy criança nos últimos meses era que eu estava enterrando meu talento para escrever. Escrever sobre a vida, sobre as minhas convicções, sobre as minhas reflexões e filosofias. Me expressar, registrar esse "eu" que sou agora e que provavelmente não serei para sempre. E, como em quase cem por cento dessas situações, eu me toquei disso através de outras pessoas. Quando a gente tem uma auto estima meia boca, só se toca quando alguém chega e fala algo que te acende uma luz na mente. No meu caso, uma tia comentou que eu deveria estar ganhando dinheiro para escrever pois eu o faço muito bem. Fiquei lisonjeada, agradeci, mas logo abanei esse pensamento porque eu não estou disposta a ir atrás disso, já tenho minha carreira e estou bem confortável nela. Só que isso ficou na minha cabeça. Se eu não quero escrever por dinheiro, quero coisa melhor do que escrever por prazer? E melhor ainda, poder escrever tudo o que eu quiser, sem precisar obedecer à agenda alguma de ninguém?

Os últimos meses da minha vida também foram de um profundo mergulho dentro de mim mesma. De auto análise, auto conhecimento, de mudança de visão e filosofias de vida. Esse mergulho foi extremamente transformador. Não só internamente mas com relação às outras pessoas, às minhas relações e de forma geral, um olhar mais ampliado de como as pessoas vivem, se comportam, pensam. E como eu discordo MUITO de 90% do comportamento delas. Sim, talvez eu seja um alien. Não lamento isso. Fato é que tudo o que vivi, não só nos últimos meses, mas nos últimos anos desde meu último post por aqui, criou uma bagagem que me sinto reconfortada, orgulhosa e muito segura de ter. E já que estou nessa jornada para dentro de mim mesma, porque não resgatar esse talento, que no meio de tantos outros que tenho e expresso, estava deixado de lado, negligenciado.

Me dei conta de que a escrita sempre foi o melhor meio pelo qual eu consigo me expressar com excelência. É o meio que eu consigo deixar tudo claro, colocar todos os meus pensamentos em ordem, colocar tudo o que eu quero para fora. A escrita foi o meio onde consegui superar meus problemas com meus pais e consegui resolver pendencias em outros relacionamentos também. A escrita é a minha linguagem, definitivamente. 

Por isso, com o intuito unicamente de ter onde me expressar, voltei a escrever. Não espero que ninguém leia ou se interesse porque hoje as pessoas não gostam de quem tem talento, gostam de quem tem fama. Mas, se o que eu escrevo aqui servir para a edificação de uma ou duas pessoas, já me dou por mais do que satisfeita. Isso é por mim e para mim. Claro, fiquem à vontade para trazer conversas e discussões, vou amar.

Além deste blog aqui eu tenho outro, totalmente privado, que inclusive usava de forma terapeutica (!) mas nunca publiquei nada de lá. Meus planos para os proximos posts são trazer alguns textos que escrevi lá, devidamente filtrados, pois acho que meus pensamentos e depoimentos de experiencias passadas podem servir para alguém que precise ler aquelas palavras. Vou criar uma espécie de série "de volta ao passado" e postar em doses homeopáticas, acho que vai ser uma experiencia interessante para mim reviver essas coisas que apesar de não serem muito bonitas, construiram quem sou hoje. 

Seguimos.