Esses tempos tem me permitido pensar em coisas simples e comuns da vida mortal que apesar de assim serem consideradas possuem um grande poder sobre nós e simplesmente definem o modo de nossas vidas. Tenho pensado sobre o amor ultimamente. Essa condição cuja ausência é fonte de uma existência infortuna, incompleta e fadada à amargura, intriga por ser algo tão intrínseco do nosso ser, esticando suas raízes nas profundezas do nosso DNA e não nos deixando escolha. Em algum momento da sua vida você vai amar. E em algum momento, exatamente isso será uma fonte de sofrimento.
Tudo em nossas vidas em algum momento será uma fonte de sofrimentos e não posso evitar pensar que amar hoje é chorar amanhã. Que curiosa condição essa que nos faz sentir vivos ao extremo em seu ápice e desejar a morte quando é tirado de nós. Amar é viver com medo da perda também. Não posso deixar de refletir sobre como tudo em nossas vidas é baseado no equilíbrio e como às vezes, esse equilíbrio pode ser ingrato. Somos abençoados e então amaldiçoados por essas bençãos.
Você tem o paraíso nas mãos, mas de um momento para o outro, ele pode ser queimado e você convive com essa consciência. O simples pensar sobre essa possibilidade trás lágrimas aos olhos e quase uma dor física. Por uma fatalidade ou por uma escolha. Tudo é tão frágil ao mesmo tempo que é tão forte e aí mora o dito equilíbrio: Você sabe que tem tudo aqui e agora e sabe que pode perder tudo, se não agora, em algum ponto desconhecido no futuro. Ou até mesmo nunca. A vida mortal é realmente uma brincadeira dos deuses.
Enquanto os dias passam, eu tento afastar os demônios do pensamento excessivo quando convém e tento aproveitar essa rara abundância de tempo que nos foi concedido. À mim e à ele e ao nosso pequeno reinado.