domingo, 7 de janeiro de 2024

Retrospecto

 Não sou grande fã de fazer textão de retrospectiva do ano que se passou pois sempre achei um tanto brega e clichê demais. Mas decidi abrir uma exceção porque o ano que passou foi um divisor de águas em muitos aspectos da minha vida. Mas calma, não vou expor ou descrever quais fatos me ocorreram, mesmo porque boa parte deles foi muito pessoal e não diz respeito somente à mim. Quero falar sobre as transformações internas que me ocorreram por conta desses acontecimentos. Serei breve.

Este ano me dei conta que esqueci de mim. De quem eu era, dos meus anseios, desejos, até mesmo da minha personalidade. Dos meus limites, das minhas convicções. E principalmente, esqueci de olhar para coisas que eu tinha como superadas, comportamentos condicionados por vivências de um passado distante, que eu acreditava ser página virada, ainda existiam e contribuiram para uma série de escolhas não tão boas assim.

Quando se tem uma vida estável há algum tempo, sem querer entramos no modo automático de forma muitas vezes sútil. Esse modo automático terminou por plastificar a minha personalidade sem que eu me desse conta. Não estou dizendo que é ruim ter uma vida segura e estabilizada, muito pelo contrário, mas a tendencia das nossas mentes é sempre se preservar. Preservar aquilo que nos tras segurança e pouca ou nenhuma mudança, para que o nosso castelinho continue protegido e perdure.

Eu estava sumindo. Sumindo no meio de papéis sociais que, sim, fazem parte de nossas vidas - e que não tenho problema nenhum em desempenhá-los - mas que estavam me afogando, aos poucos. Não existe um culpado, nem um vilão. Apenas minha mente cumprindo o papel de auto preservação, extremamente bem. Mas para uma criatura inquieta e com excesso de fogo, água e vento no mapa astral, essa quietude não poderia durar muito tempo.

E ai, puf! Acontecimentos não planejados ou sequer sonhados geraram crises internas que geraram epifanias e por fim, um profundo mergulho dentro de mim, em direção à todo tipo de incerteza, instabilidade, medos, luto, pude alcançar uma espécia de renascimento, de redescoberta. Eu me desmontei completamente durante essa jornada, e foi dolorido. Assim como ainda está sendo. A volta para a superficie depois de um mergulho em águas profundas é tão delicado quanto o mergulho em si. É preciso calma, é preciso ir devagar, é preciso ir pelo caminho certo.

Eu me desmontei. Eu comtemplei as peças espalhadas, e como um veneno que precisa ser drenado, removi tudo o que não mais me servia. O problema é que as peças descartadas criaram um vazio. Vazio este que precisa ser preenchido novamente, e esse processo também é doloroso. 

Posso dizer que meus arrependimentos foram poucos, pois as minhas escolhas me levaram ao encontro de mim mesma no final das contas. E diante de tudo o que aconteceu, esse reencontro foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. O reecontro com o meu eu, com quem eu realmente sou, com quem eu quero ser, com meus anjos e meus demonios - mais demonios do que anjos - o reecontro com a minha verdade. Me sinto pronta para assumir o papel mais importante de todos: o da mulher que existe antes e acima de qualquer outro papel. A deusa do meu próprio universo, que cria e destrói conforme suas necessidades e desejos. O ser completo em si mesmo.

Carta "The Emperor" - Prism Visions deck






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