Esse é o segundo post da série "Baú de memórias", onde vou resgatar alguns textos de escrita terapeutica que me sinto à vontade para compartilhar! Para ler o primeiro, clique aqui
Publicação de 21/12/2017 - Há 7 anos atrás, eu pensava que...
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Ás vezes sinto como se um demônio vivesse empoleirado em minhas costas.
Esse demônio que me impede de fazer as coisas que desejo, que preciso... E que parecem tão simples de serem feitas. Fico me perguntando porque me sinto tão incapacitada de me mover diariamente se não tenho motivos aparentes que me impeçam, de fato. Nada além desse "demônio da inércia".
Não posso negar que 2016 e 2017 foram e ainda são os melhores anos de minha vida até aqui, pelos motivos que citei em posts anteriores. Mas o mesmo fato ainda me persegue: Eu poderia ter feito mais. Poderia ter sido mais.
Durante toda a minha vida eu me senti assim. Exatamente 25 anos. Aliás, daqui poucos meses 26. Esse fardo pesa muito em minhas costas. Será que me sobrecarrego mais do que devia, ou minha severidade comigo mesma é justa? Bem... é verdade que nem tudo está sob meu controle e muitas variáveis externas ditaram como seria o formato da minha vida. Ainda assim, não podendo escolher quem familia nascer, as condições financeiras dela ou se meus pais seriam pessoas menos pobres de espirito, uma parte de toda essa inércia e inatividade foi minha escolha, ainda que inconsciente.
Meus pensamentos sobre isso geralmente são: "Tenho um sério problema em começar a continuar coisas novas. Não tenho disciplina para fazer as coisas por mim mesma.". Infelizmente, isso me faz andar em círculos. Não desejo seguir assim então, ainda que seja uma coisa pequena, já não afirmo que sou assim, para tentar quebrar essa identificação.
De qualquer forma, desejo listar todas as coisas que deveria ter feito esse tempo todo, o que me machuca muito. Como podemos fazer tão mal a nós mesmos? Como podemos ser nosso pior inimigo dessa forma?
Bem, desejo enumerar os principais pontos, para me servir como um mural mesmo e exorcizar esse demônio de uma vez por todas:
1- Eu tive vários meses, dias e horas a minha disposição (pois trabalhei a minoria do tempo). E eu simplesmente desperdicei esse tempo.
2- Meu maior medo é estar decepcionando a pessoa que mais me importo nessa vida. Tenho medo de uma hora ele se cansar de esperar por mim, pela minha iniciativa. Tenho medo dele se desencantar por mim. Por mais que ele me ame, sinto que estou abusando desse amor...
3- Eu já deveria estar com o corpo dos meus sonhos. Não fui capaz de fazer exercícios básicos, que não demandariam mais do que uma hora por dia...
4- Não fui capaz de estabelecer uma rotina de estudos que com simplicidade e facilidade me prepararia para qualquer vaga na minha área. Ao invés disso, deixei a insegurança e conformismo tomarem conta e hoje não me sinto pronta para assumir uma vaga dessas. Talvez por isso a oportunidade esteja tão difícil de aparecer, mesmo que eu use diversos artifícios para conseguir. Na essência, eu não sei de nada...
5- Por consequência, ainda não consegui sair de casa. Tenho um parceiro pronto pra assumir esse passo comigo e eu não fui capaz de trabalhar para que isso acontecesse.
6- Tive muitos avanços mas ainda vejo falhas no meu comportamento. Algumas atitudes e sentimentos mesquinhos que poderiam ser evitados e não evitei deliberadamente. Será que ainda sou aquela infantil que não pode ser contrariada?
7- Meus projetos pessoais já poderiam ter começado a se realizar... Minha "carreira" paralela de modelo, meu blog, a fotografia, os trabalhos freelancer, que me trariam dinheiro e realizaçao pessoal... Não consegui mover uma pedra. Não posso negar que oportunidades apareceram e estão se encaminhando para uma realização, mas a passos lentos. Logo eu, que tenho tanta pressa...
São poucos tópicos mas suficientes para me deixarem destruída por dentro... Não existe pior sentimento. Arrependimento.
Cinco anos. Na realidade, eu perdi cinco anos. Cinco anos dos melhores anos da minha vida. Agora é meu dever viver em cinco anos o equivalente a dez. E a culpa é exclusivamente minha.
Só soube viver ansiosa para fazer tudo o que eu queria e ao mesmo tempo incapaz de me mover... Nunca consegui manter a chama de nada acesa por muito tempo, sempre desisti e procrastinei, me autossabotei... Fui uma perdedora. Repeti o ciclo. Sempre derrotada por mim mesma.
Como diz uma frase que li essa semana e não saiu da minha cabeça: Daqui um ano você vai desejar ter começado hoje. Isso me apavorou e me fez sentir um remorso esmagador. Vendo pelo lado bom, afinal, não se recupera o tempo perdido, finalmente me sinto curada de certas coisas e ainda apta a recomeçar, com saúde física e mental, muito melhor do que um ano atrás... Com mais clareza e disposição... Só me resta aprender a conviver com essa culpa.
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